quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Animês

A arte pop japonesa

Sem dúvida, os desenhos são um importante legado da cultura japonesa em nosso país. Hoje, os desenhos animados (animês) e as histórias em quadrinhos (mangás) são verdadeiras febres entre entusiastas da cultura japonesa no país. No Brasil, os mangás vieram com os imigrantes japoneses que aqui desembarcaram. Logo que surgiram as primeiras importadoras de revistas e jornais japoneses, este tipo de quadrinho se tornou uma forma de acompanhamento do que acontecia no Japão. Na época, os quadrinhos eram meras ilustrações e faziam sucesso entre os imigrantes nipônicos, mas não tinha tamanho impacto com o resto da população. Segundo a pesquisadora Sônia Maria Bibe Luyten, o país apresentava um cenário próspero, sendo assim, muitos descendentes de japoneses que liam mangá também tomaram gosto pelo desenho e entraram no mercado editorial brasileiro nos anos 60. Com a inserção no mercado de desenhistas como Julio Shimamoto, Paulo Fukue, entre outros, o estilo japonês de se fazer quadrinhos crescia no Brasil, tornando o país o primeiro a produzir mangás no ocidente.

Nos anos 80, após a criação da divisão de quadrinhos da editora Abril, o estilo passou a ter mais conhecimento do público, visto que os mangás agora tinham um espaço na mídia local. O crescimento era evidente, a partir disso, a Abrademi (Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações) foi fundada em fevereiro de 1984, essa que seria a primeira associação do gênero do Brasil. Quando a Abrademi começou, boa parte dos participantes era descendente de japoneses, que cresceram lendo o mangá em japonês, e tinham adquirido conhecimento e os traços do estilo.


Hoje, o leitor do gênero, na verdade, junta os fãs de desenhos animados da TV ou de games, e não propriamente fãs das histórias em quadrinhos. Depois que os desenhos animados japoneses fizeram sucesso na TV, na década de 1990, as editoras decidiram correr atrás, publicando os mangás exibidos no veículo de comunicação ou que fizeram sucesso em outros países. Os desenhos japoneses (animês) tratam-se de uma representação animada de um mangá, sendo seus traços totalmente baseados nas historias em quadrinhos. O mangá é, antes de tudo, um meio de comunicação de massa e um estilo de histórias em quadrinhos. O japonês criou e consolidou um estilo de história em quadrinhos que passou a ser aceito no mundo inteiro. No entanto, nem todos os trabalhos possuem importância cultural, muitos dos quais devem ser classificados apenas como entretenimento.

Os animês consolidaram os quadrinhos japoneses em forma de desenho animado. Hoje em dia temos no Brasil milhares de fãs assíduos da cultura japonesa, e os desenhos animados é um dos principais responsáveis, se não o principal por esse fenômeno. Os desenhos, por mais que tenham traços japoneses, são frutos da cultura de massa. Esses animês, consolidados na cultura pop nos anos 90 nos Estados Unidos, são compostos por modelos e valores que possibilitam a compreensão e apreciação do conteúdo da cultura televisionada. Os personagens vistos hoje em desenhos como Pokémon, Digimon, Dragon Ball, Dragon Ball-Z, curtas metragens como Power-Rangers, Cavaleiro do Zodíaco, etc, podem ter sua origem oriental, entretanto toda ambientação e narrativa são influenciados pelo mundo ocidental. A carga cultural japonesa não é representada de fato nesses desenhos, que pelo contrário, representam nossa cultura ocidental em moldes orientais. De fato, há exceções. Aqueles que realmente são fanáticos por animês não se prendem aos programas exibidos dentro da grade local (esses que se adequam a valores ocidentais). Na internet é possível encontrar animês que não são exibidos na TV brasileira, por justamente não se adequarem à linguagem proposta para televisão. Sites de fãs disponibilizam um extenso conteúdo de animês, que muitas vezes, a maioria da população desconhece e nem desconfia que exista.

Nenhum comentário: