quinta-feira, 27 de novembro de 2008

BAIRRO DA LIBERDADE

O PASSADO:
O Bairro da Liberdade, em São Paulo, nasceu em 1912, quando os imigrantes japoneses passaram a residir na Rua Conde de Sardezas. O principal motivo de procurarem essa rua foi o fato de que lá havia muitos porões, e os aluguéis dos quartos eram muito baratos e divididos entre grupos de pessoas. Além disso, por ser um bairro central, a locomoção até os locais de trabalho era facilitada. Para aqueles imigrantes, o Bairro da Liberdade era sinônimo de uma esperança que há muito procuravam.

Já naquela época começaram a surgir atividades comerciais bem como hospedarias, empórios, fabricantes de tofu (queijo de soja), manju (doce japonês), além de firmas agenciadoras de empregos, dando àquela rua um sobrenome: Japonês. Foi fundada também, em 1915, uma escola primária (Taisho Shogakko), que teve papel fundamental na educação das crianças no bairro, que já contava com um número de aproximadamente 300 pessoas.

Em 1932, São Paulo já era moradia de cerca de 2 mil japoneses (600 na Rua Conde de Sardezas) vindos diretamente do Japão e do interior, após encerrarem o contrato de trabalho na lavoura.
Em julho de 1941, o governo suspendeu a publicação de jornais em língua japonesa e em 1942, o governo Getúlio Vargas rompeu relações diplomáticas com o Japão, fechando o Consulado Geral do Japão. No dia 6 de setembro, o governo começou a expulsar os japoneses que moravam no Bairro da Liberdade. Somente em 1945, após a rendição do Japão, na guerra no Pacífico, é que a situação voltou a normalidade.

Em 12 de outubro de 1946, nasceu o jornal São Paulo Shimbun e em 1947, o Jornal Paulista e a Livraria Sol, presente até hoje no bairro, que importa livros japoneses através dos Estados Unidos. Em 23 de julho de 1953, Youshikazu Tanaka inaugurou o Cine Niterói, na Rua Galvão Bueno, no qual eram exibidos semanalmente filmes produzidos no Japão. Em 1965 foi fundada a Associação de Confraternização dos Lojistas do Bairro da Liberdade, precursora da Associação Cultural e Assistencial da Liberdade (ACAL), para defender os interesses do bairro perante as autoridades municipais e estaduais.

A Liberdade passa a ser um bairro famoso pela população japonesa e se torna um local de visitas freqüentes. Em 1967 o Príncipe Herdeiro Akihito e a Princesa Michiko, hoje o Casal Imperial do Japão, visitaram o bairro.

1968 foi o ano de mudanças do bairro. O Cine Niterói teve que se mudar, ruas foram alargadas diminuindo a força comercial do local e a construção da estação Liberdade do metrô, na década de 70, fez com que alguns pontos comerciais desaparecessem.

Aos poucos o bairro deixou de ser um reduto exclusivo dos japoneses, sendo procurado também por chineses e coreanos.


O PRESENTE:

O Bairro da Liberdade se tornou o maior reduto da comunidade japonesa na cidade, a qual, por sua vez, congrega a maior colônia japonesa do mundo, fora do Japão.

Lojas, restaurantes e bares orientais não são os únicos atrativos que o bairro oferece. Além disso, a praça da Liberdade é utilizada como palco para manifestações culturais como o bon odori, dança folclórica japonesa. Artistas e cantores japoneses também passaram a ser recebidos nos palcos dos cinemas.

O bairro recebeu decoração no estilo oriental, com a instalação de lanternas Suzurantõ e em 1973, Liberdade foi vencedora do concurso de decoração de ruas das festas natalinas, graças à iniciativa da Associação da Liberdade. A Feira Oriental passou a ser organizada nas tardes de domingo, com barracas de comida típica e de artesanato a partir de 1974.

Na comemoração dos 70 anos da imigração japonesa no Brasil, em 1978, iniciou-se a prática de Radio Taissô, na praça da Liberdade, no qual dezenas de pessoas fazem uma sessão diária de ginástica. Nas décadas de 80 e 90, as casas noturnas foram substituídas por karaokês.
Outras atrações:
  • Museu Histórico da Imigração Japonesa: localizado no prédio da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa (Bunkyo), no bairro da Liberdade, em São Paulo, possui em rico acervo de fotos, documentos, objetos, lembranças e muitas curiosidades sobre a vinda dos japoneses ao Brasil. A instituição foi inaugurado no dia 18 de junho de 1978, como parte das comemorações do 70º aniversário da imigração japonesa. A cerimônia de abertura contou com a presença do então príncipe herdeiro do Japão, Akihito e do presidente do Brasil Ernesto Geisel. O Museu ocupa atualmente uma área de 1.250 metros quadrados, dividida em três andares, que contam a trajetória dos imigrantes japoneses em ordem cronológica, através de 5 mil objetos, 28 mil documentos e 10 mil fotos.
  • Templo Busshinji: Todo de madeira e com teto piramidal, este templo budista, da Comunidade Soto Zen Shu, de tradição japonesa, foi inaugurado em 1995. Nas visitas e cerimônias, só se entra com pés descalços. No altar há três armários com budas de madeira. Instrumentos percussivos marcam as cerimônias. Além dos ritos semanais, uma vez por mês há a Cerimônia de Kannon, manifestação de Buda ligada à compaixão. O budismo japonês é o que predomina na cidade, embora também haja instituições dedicadas ao budismo chinês e ao tibetano. Além da tradição zen, o budismo do Japão tem variantes que incorporam o sincretismo com o xintoísmo, uma das religiões mais populares no país. É interessante combinar a visita a este templo com uma ao belo Templo Quannin, também budista chinês, situado no viaduto da rua Conselheiro Furtado.

As principais atividades culturais da Liberdade (realizadas com a promoção da ACAL):

  • AbrilHanamatsuri – Festival das Flores, em conjunto com a Federação das Seitas Budistas. O desfile do grande elefante branco carregando o pequeno Buda acontece no sábado.
  • JunhoCampenato de Sumô da Liberdade – grande campeonato com atletas de todo o país. Realiza-se aqui a seleção dos atletas juvenis que representarão o Brasil no Campeonato Mundial de Sumô. A arena (dohyo) e as arquibancadas são montadas em plena praça da Liberdade.
  • JulhoTanabata Matsuri – Festival das Estrelas, em conjunto com a Associação Miyagui Kenjinkai. As principais ruas do bairro são enfeitadas com bambu e grandes enfeites de papel simbolizando as estrelas. Os visitantes colocam um pedaço de papel com pedidos.
  • DezembroToyo Matsuri – Festival Oriental. Apresentação de várias manifestações culturais do oriente. O bairro recebe o Nobori, coloridas bandeiras verticais.
  • DezembroMoti Tsuki – Festival de Final do Ano. O arroz é socado em pilão para a confecção do moti (bolinhos de arroz) que é distribuído aos presentes para dar sorte. Sempre no dia 31 de dezembro.

História do nome do Bairro da Liberdade:

http://www.youtube.com/watch?v=MB1PHFeF46g&feature=related

Matéria do SBT sobre o Bairro da Liberdade:

http://www.youtube.com/watch?v=wAMQ9iR3DW4&feature=related

Guia da Liberdade:

http://www.guiadaliberdade.com.br/index.asp

BIBLIOGRAFIA:

http://www.culturajaponesa.com.br/
http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ult10037u357106.shtml

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