quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Um pouco de história...


>> O porquê da imigração

Japão sofria com superpopulação no século XIX. Isso porque passou 264 anos isolado devido ao regime do Xogunato Tokugawa (ditadura militar feudal / 1603 - 1867), sem guerras, epidemias trazidas do exterior ou emigração.

Com a Era Meiji (ocidentalização japonesa e período de modernização / iniciada em 1868), foram introduzidas no país, modernas técnicas agrícolas, como a mecanização, que deixou milhares de camponeses desempregados. Outros ficaram endividados e/ou sem terra, resultado dos altos impostos cobrados durante a restauração Meiji. Os trabalhadores rurais migraram para as grandes cidades, reduzindo a demanda de emprego e criando uma grande massa de miseráveis.

Assim, a emigração de trabalhadores japoneses para outros países começou em 1870, bem antes que no Brasil. Os principais destinos eram Estados Unidos (principalmente Havaí), Peru e México.

>> Imigração para o Brasil

Em 1888, com a assinatura da Lei Áurea, a abolição da escravidão deu impulso para a imigração no Brasil, que necessitava de mão-de-obra devido a expansão cafeeira no país. O primeiro aceno brasileiro para a vinda de japoneses se dá em 1895, quando os dois países assinam o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação. Inicia-se uma campanha estimulando os japoneses a emigrarem.

Em 1906, Ryu Mizuno, da Cia Imperial de Imigração, vem ao Brasil para inspecionar regiões agrícolas e no ano seguinte, assina um acordo com o governo de São Paulo para introdução de imigrantes no estado.

Até que em 1908, finalmente, atraca no Porto de Santos o Kasato-Maru, trazendo 781 japoneses para trabalhar no Brasil, depois de cerca de 50 dias de viagem, nas lavouras de café. No Japão, propagandas faziam referência do produto como o “ouro preto” e falando em grandes oportunidades de emprego e bons salários, o que era uma ilusão.

Dois anos depois, chega o segundo navio à Santos, o Ryojun Maru, trazendo mais 906 nipônicos.azendo mais 906 nipo idades de emprego e bons salsato-Maru, trazendo 781 japoneses para trabalhar no Brasil, depois de 5

Em 1914, o governo paulista interrompe a contratação de imigrantes. Apesar disso, até 1915, o chegaram ao Brasil mais 14.983 imigrantes. Mas o auge da imigração se deu após o fim da Primeira Guerra Mundial. Entre 1917 e 1940, 164 mil japoneses vieram para o Brasil, muito em razão do banimento americano em relação à entrada dos asiáticos em seu país.

O fato de outros países, como Austrália e Canadá, também restringirem a entrada de japoneses em seu território, fez com que o Brasil fosse um dos únicos a ainda aceitar imigrantes nipônicos.

Na década de 1930, 75% dos japoneses foram para São Paulo, onde havia necessidade de mão-de-obra nos cafezais. Entretanto, novas frentes de trabalho se abriram em cultivos de morango, chá e arroz. Também neste período foi notada a formação de pequenas comunidades nipo-brasileiras no Pará, atraída pelo cultivo de pimenta-do-reino. O BRASIL JÁ ABRIGAVA A MAIOR COLÔNIA JAPONESA FORA DO JAPÃO.

Em 1938, ano antecedente à Segunda Guerra Mundial, o Governo Federal começou a limitar as atividades culturais e educacionais dos imigrantes. Em dezembro, decretou o fechamento de todas as escolas estrangeiras, principalmente as de japonês, alemão e italiano.

As comunidades oriundas dos países integrantes do Eixo Roma-Berlim-Tóquio começaram a sentir os sintomas do conflito iminente. Em 1940, todas as publicações em japonês tiveram a sua circulação proibida. No ano seguinte, chegaram as últimas correspondências do Japão. Até o fim da guerra, os japoneses viveram um período de severas restrições, inclusive o confisco de todos os bens.

No período pós-guerra, Yukishige Tamura é eleito vereador em São Paulo, no ano de 1948. Com o clima de paz já reestabelecido, Brasil e Japão fecham um acordo comercial bilateral. Em 1950, os bens confiscados pelo Governo Federal são devolvidos. Com o acordo comercial, as empresas japonesas começam a entrar no Brasil, em 1953.

Em 1967, o príncipe herdeiro Akihito e a princesa Michiko visitam o Brasil pela primeira vez. Na recepção ao casal imperial, a comunidade nipo-brasileira lotou o estádio do Pacaembu.

O Nippon Maru, último navio a transportar imigrantes japoneses para o território brasileiro, atraca no Porto de Santos, em 1973.

>> Imigração Consolidada

Nas eleições de 1962, a integração político-social entre nipônicos e brasileiros se consolida. Nada menos que seis políticos são eleitos nas urnas (três para a Câmara Federal e três para a Assembléia Legislativa de São Paulo).

Outro marco importante. Em 1964 houve a inauguração da sede da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistencial Social (Bunkyo) na rua São Joaquim, no bairro da Liberdade. O Bunkyo passou a promover e coordenar a maioria dos grandes eventos com envolvimento da comunidade nipo-brasileira como um todo: aniversários da imigração, visitas ao Brasil de membros da Família Imperial etc.

Em 1988, no 80º aniversário da imigração, o Censo Demográfico da Comunidade, feito por amostragem, estimava o número de nikkeis no país em 1.228.000 pessoas.

>> Resistência brasileira aos nipônicos

O marechal Deodoro da Fonseca, então primeiro presidente brasileiro após a proclamação da república, assinou em 1890, um decreto, em conjunto com o ministro da Agricultura Francisco Glicério, que praticamente proibia a entrada de imigrantes africanos e asiáticos no Brasil. Nele constava que, a entrada dos mesmos, teria de ser aprovada pelo Congresso Nacional.

Dois anos depois, entrou em vigor a lei nº 97, que autorizava a entrada de chineses e japoneses no país.

Entretanto, havia muito preconceito em relação aos asiáticos por parte dos brasileiros. Aqueles eram vistos como inferiores devido às diferenças físicas e culturais, e prejudicariam o “branqueamento” brasileiro com a entrada de europeus no território. Havia também o medo do "perigo amarelo", isto é, que as grandes populações de orientais se espalhassem étnica e culturalmente pelas Américas.

>> Pré-imigração

Em 1906, um grupo de japoneses chegou ao país com o objetivo de estabelecer uma colônia. Liderados por Saburo Kumabe, advogado japonês, a caravana fixou-se na fazenda Santo Antônio, em 1907 (sete meses antes da chegada do Kasato-Maru) no que hoje é a cidade de Conceição de Macabu, Norte-Fluminense do estado do Rio.

Chegou ao fim em 1912, muito certamente devido à falta de conhecimento das técnicas de agricultura, pelo fato da pequena colônia ser formada por integrantes da elite japonesa (como advogados, professores e funcionários públicos).

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