quinta-feira, 27 de novembro de 2008

ARQUITETURA E DECORAÇÃO JAPONESA

Um dos maiores problemas que o Japão tem que enfrentar é sua alta densidade demográfica: em seus 378 mil km² (equivalente às áreas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina somadas), vivem quase 130 milhões de pessoas (70% da população brasileira). Dessa forma, o preço do metro quadrado é muito alto e o tamanho do lote, muito reduzido, desafiando a criatividade dos arquitetos japoneses. Entretanto, como já vivem com esse problema desde sempre, já incorporaram soluções em seu dia-a-dia: ambientes flexíveis com painéis removíveis dividindo cômodos.

Poliedro desenhado pelo arquiteto Yasuhiro Yamashita para um casal na faixa dos 30 anos que desejava uma casa "única". Moldada em concreto armado numa estrutura metálica chamada rigid frame (apropriada a locais sujeitos a terremotos), a construção multifacetada tira o peso do espaço pequeno. Obter o maior volume possível no terreno de esquina de 45 m² foi o maior desafio do arquiteto.

Futons, tatames e ofurôs já fazem parte do vocabulário do brasileiro. É uma influência dos primeiros japoneses que desembarcaram aqui em 1908 e geraram 1,2 milhão de descendentes. No ano que festejamos o centenário da imigração, é hora de comemorar o que emprestamos do país das cerejeiras. Na casa, móveis baixos, ambientes integrados e painéis de madeira e papel codificam uma linguagem minimalista, nascida muito antes de esse conceito virar moda. É como se o jeito de morar nipônico materializasse as virtudes do espírito zen. Assim, simplicidade e desprendimento constroem uma estética leve, que enxerga promessas de beleza no vazio e na imperfeição.
A decoração japonesa é delicada e cheia de símbolos. Além de presente em materiais como o bambu e a palha, a natureza surge ilustrada em biombos e cerâmicas. Os tatames, feitos de palha de arroz e junco, revestem quartos e salas, que têm móveis baixos e uso múltiplo. Dorme-se e come-se no chão, por isso, é higiênico deixar o sapato no hall, construídos no nível da rua e rebaixado em relação ao resto da casa.


Cerâmicas:


Jardins:

O jardim é planejado para ser visto de qualquer ângulo interno. Apreciado a uma certa distância, o conjunto revela uma assimetria delicada, expressa num jogo de volumes e caminhos. O visual é criado para ser orgânico e principalmente contemplativo. Bonsais, pinheiros e azaléias são elementos fundamentais e se insinuam entre os percursos de pedras brutas, compondo um universo simbólico em pequena escala, com montes, cascatas, riachos e árvores. A visão de um lago com carpas, que é o símbolo de masculinidade, força e longevidade, pacifica a mente.

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